terça-feira, 21 de abril de 2015

Neuromancer - William Gibson - Editora Aleph

Meu exemplar de Neuromancer da editora Aleph de 2014.


Enredo:


Trata-se de uma ficção futurística. Nosso planeta está diferente, a tecnologia domina a Terra e as realidades se mesclam; de um lado existe o plano real (físico) e do outro está a Matrix (o ciberespaço). Para acessar a realidade virtual temos os chamados cowboys, os conhecidos hackers, que se plugam com eletrodos no cérebro aos seus consoles (decks) para viajarem e agirem na Matrix. Um destes jovens cowboys é Case, que vive de furtos de segredos eletrônicos, atacando as grandes corporações tecnológicas, mas que está banido do ciberespaço porque traiu seus antigos contratantes, que colocaram uma substância no seu corpo que o impede de se plugar (flipar) a qualquer console. 

Case está beirando seu fim com o consumo abusivo de drogas ilícitas, álcool e cigarros quando conhece Molly, uma samurai moderna com navalhas implantadas sobre os dedos e lentes espelhadas cobrindo seus olhos (vide capa do livro) que lhe oferece uma solução: trabalhar para um misterioso homem chamado Armitage, que além de contratá-lo, irá dar-lhe a oportunidade de se conectar novamente à Matrix, eliminando a toxina de seu organismo e regenerando sua saúde.

Mas existe alguém por trás de Armitage e, Molly e Case, pretendem descobrir o que está acontecendo. Case é operado e tem seu pâncreas substituído para poder se plugar novamente, mas seu contratante adicionou uma garantia de serviço nessa cirurgia, saquinhos que vão se dissolvendo aos poucos e que poderão impedi-lo novamente de se conectar à Matrix ou até mesmo matá-lo. Case corre contra o tempo para servir Armitage em seus planos e, simultaneamente, descobrir o quê (ou quem) está nos bastidores dessa enigmática aventura.


Edição:


Meu exemplar é de 2014, mas a "retradução" é de 2008, feita para comemorar os vinte e cinco anos do lançamento do livro original. Esta é uma reedição de Neuromancer pela editora Aleph (que publicou esse título pela primeira vez no Brasil em 1991). William Gibson introduziu o conceito "cyberpunk" com esta obra, o que lhe rendeu três famosos prêmios no gênero ficção científica: Hugo Award, Nebula Award e Philip K. Dick Memorial Award.

Este livro influenciou e ainda influencia muitos escritores e diretores, alguns filmes famosos, como Matrix e A Origem, também são obras inspiradas nas linhas de Neuromancer. Você já assistiu Johnny Mnemonic, pois então, este filme é baseado num conto de Gibson (e também roteirizado por ele, o texto original é de 1981), anterior ao livro em questão, e que apresenta uma de suas personagens: Molly. Na verdade, Neuromancer foi escrito como livro único, mas acabou se tornando o primeiro volume da Trilogia Sprawl. Mas o que há de tão especial nessa obra? Simplesmente o fato de Gibson conseguir descrever tecnologias e termos inexistentes para a época, e também disseminar o elemento punk e gótico futurístico.



O autor de Neuromancer e divulgador/criador do estilo cyberpunk, William Gibson.

Sobre o autor:


William Ford Gibson é natural da Carolina do Sul (USA), da cidade de Conway, nascido em 1948. Mudou-se para o Canadá para fugir de uma convocação para a Guerra do Vietnã conseguindo a dupla cidadania em 1968 e tornando-se escritor em tempo integral. Gibson cunhou a palavra ciberespaço no seu estilo de escrita chamado de cyberpunk, que consiste numa dicotomia entre tecnologia avançada e uma vida pobre num futuro provável e não muito distante da realidade. Neuromancer (1984) foi seu primeiro romance, seguido de Count Zero (1986) e Mona Lisa Overdrive (1988), que são os três livros da série Sprawl. Seus contos e histórias são, em sua maioria, no gênero de ficção científica. Suas obras foram muito elogiadas e premiadas. Ele também escreveu para TV (alguns episódios de Arquivo X) e cinema (o roteiro original que seria usado em Alien 3). Hoje ainda escreve e cria, influenciando muitos autores, diretores e também bandas como U2 (que fez uma turnê baseada na visão cyberpunk futurística do autor) e Dope Star Inc. (que lançou um álbum com o título: Neuromancer, baseada em seu primeiro livro)


Minhas impressões:


Eu não fazia ideia do que leria até começar a folheá-lo. Eu sabia previamente de duas coisas: era um livro de ficção científica (que eu gosto bastante) e o livro tinha servido como referência na criação do filme Matrix (que eu gosto ainda mais). Não precisava de outro motivo para lê-lo então.

Este é um livro de porte médio, com 319 páginas, incluindo um glossário, introdução do autor e algumas páginas sobre a influência do livro na cibercultura.

Quando comecei minha leitura (depois de ler todo o glossário, como recomendado no início do livro), deparei-me instantaneamente com a primeira dificuldade: o vocabulário. O autor criou muitas palavras, termos e gírias para descrever situações e ações por todas as páginas do livro que, mesmo que você tenha lido o glossário (como eu fiz), você ainda assim se perde.

É um livro denso, de ações e cenas rápidas e filosóficas. Em alguns momentos do livro eu me perdi e não fazia a menor ideia se o que eu estava lendo estava acontecendo no mundo físico ou se era no ciberespaço. O tempo todo acontece essa transição de um plano para o outro e nem sempre conseguimos percebê-la, pois é algo repentino e muito sutil.

Fiquem atentos, pois o livro contém muita violência, uma cena de sexo explícito (fiquei surpreso, pois nunca tinha lido nada assim nesse gênero literário) com palavreado vulgar, linguajar pesado e brutal, muitas, mas muitas gírias e palavras desconhecidas e não usuais, uso abusivo e destrutivo de drogas, roubos, mortes, lutas, politicagem, viagens alucinógenas e virtuais, traição, planos maquiavélicos, loucura, ilegalidade e tudo mais que se possa pensar de vil e indecoroso.

Neuromancer não é um livro infantojuvenil, com toda certeza (graças aos deuses), mas é um livro delicioso de ser lido, com uma história profunda e recheada de reflexões. Tudo corre muito rápido (pois o livro é curto) e a narrativa é completamente diferente de qualquer uma que eu já tenha lido. Tirando toda sua complexidade (que ao meu ver só o torna mais interessante) e dificuldade de ser lido, eu recomendo essa história que é muito bem construída e articulada. Estou ansioso para ler os próximos dois que completam essa trilogia, mas antes, pretendo relê-lo, pois esse é o tipo de livro que não se absorve tudo numa só leitura.




Essa é a capa da edição original de 1984.


4 comentários:

  1. Gostei Pedro, fiquei curiosa com este Neuroromance; mto bom!

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  2. Saudações Pedro.

    Bem, infelizmente não me encantei muito com esse livro. Fui ler muito empolgada, pelos mesmos motivos que você citou, ser Sci-fi e te inspirado Matrix (e claro, ser um clássico do gênero). Mas não gostei da escrita do livro.
    Claro, todos que leram sabem que é um livro complexo, mas o problema talvez nem seja esse. Ele é confuso mesmo. Em muitos momentos os acontecimentos eram descritos meio corridos, e até os personagens pareciam meio perdidos. Li em pdf e na versão não havia o glossário que você citou, então posso ter sido prejudicada. Além de buscar conhecimento quando leio, busco uma leitura prazerosa, o que não aconteceu com Neuromancer.

    As ideias do livro são fantásticas, não dúvidas, mas a escrita é muito confusa (e chata?). William Gibson foi um visionário, mas como ESCRITOR, deixou um pouco a desejar (minha opinião).

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    1. Olá, Jéssica, tudo bem?!

      Antes de mais nada, obrigado pelo comentário e por deixar aqui a sua opinião. Eu concordo com tudo que você falou e entendo o que você quis dizer, mas acrescento uma ressalva: o livro tem que ser lido com muita paciência (traduzindo: tem que ter um saco muito grande! rs) e acredito que seja esse o real motivo da maioria das pessoas não terem gostado dele. Eu mesmo tive que demorar bastante na leitura (e mesmo assim não foi o suficiente) pra conseguir entender o pouco que eu li.

      Olha, a história é boa, a proposta é melhor ainda e as influências a gente nem precisa falar. Mas que a escrita é difícil e isso a deixa confusa (porre), não resta dúvidas. Resta mesmo é apelar para a paciência para não perder o quê o livro quer nos mostrar. Eu recomendei e gostei por todos os outros motivos, menos pela sua facilidade.

      Mas digo uma última coisa: valeu ou não valeu a experiência?!?!

      Abração!

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