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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Belo Horizonte - 24 autores - Maza edições






Exemplar da biblioteca municipal (ainda bem que não é meu)





Vou acrescentar um subtítulo aqui: livro de chegados feito por e para chegados!

Como tudo na vida é sempre zoado, por que é que com esse livro ia ser diferente? Você acredita em mercado (panela) de escritores mineiros? Agora eu acredito! Vou explicar porquê, acompanhem! 

Antes, devo me desculpar pela demora em postar resenhas, não é que eu não estou lendo, estou é sem tempo para escrevê-las! Tenho sete livros (incluindo este) lidos e prontos para serem resenhados. Vou dar cabo disso antes que aumente o número e eu me perca nas informações anotadas.

Então, vamos lá. Para quem ainda não conhece o projeto do livro acima eu vou explicar, até porque eu também não conhecia, mas depois de lê-lo eu tenho minhas dúvidas se deveria tê-lo conhecido.

O projeto se chama: Livro de graça na praça. Consiste em um amontoado de escritores que se reúnem, juntam uma verba (acredito que pública), prensam muitos exemplares para serem distribuídos gratuitamente, e acontece uma vez ao ano numa praça previamente escolhida aqui em Belo Horizonte. Esse é o resumo do que é o projeto, feito por um leigo que não entende de projetos e está aqui para resenhar apenas como um leitor. Ah, e essa é uma edição comemorativa de dez anos do projeto!

Bem, vamos lá. Qual é a "treta" do livro? Vou explicar como eu acredito que tenha acontecido: O idealizador e organizador desse volume tirou um dia de folga e ligou para alguns amigos: "E aí, Manoel, tudo bem? Aqui, me arruma dois quilos de carne moída, filé, contra filé e linguiça. Passo aí as seis pra apanhar tudo, ok?! Ah, se quiser publicar algum dos seus contos é só me entregar junto com o pedido que eu falo que você ganhou um concurso que não foi publicado em lugar nenhum e que você mereceu estar nesse livro, beleza?"

Numa outra situação ele diz: "Professora, como vai a senhora, tudo bem? Estou reunindo contos para um livro do projeto, aquele que é distribuído de graça, lembra? Então, queria saber se a senhora tinha algum conto seu por aí precisando ser publicado, e como a senhora é uma grande erudita e... o quê? Não tem contos? Só textos teórico chatíssimos? Dá na mesma, professora, pode mandar que eu publico!"

Cara, que porre de livro! Mas antes que vocês me façam a pergunta eu respondo: sim, existe algo bom nesse livro (parece um milagre, mas foi obra do destino). Olha lá na capa do livro, tá escrito que são 24 autores, e destes apenas 3 ou 4 foram realmente bons o bastante. 

Vale a pena ler o livro? Na minha opinião (que eu canso de repetir, não vale quase nada), não! Na verdade, não leiam, por favor. Façam esse favor a vocês. Ou então, façam o que eu fiz, mas de forma mais segura. Peguem o livro na biblioteca, anotem o nome dos autores que eu vou indicar e leiam só esses.

Aí, só porque eu disse isso, vocês se sentirão tentados a ler todos os contos. Quando chegarem na tal professora, que eu acho que era um dos cinco primeiros, vão lembrar do meu conselho e vão acabar se arrependendo. 

"Mas, Pedro, seu tonto, por que é que você está resenhando esse livro então?" 

Por dois motivos: primeiro, alguns (quase nenhum) autores se salvam e valem a pena serem lidos (a culpa de estarem no meio de outros autores tão ruins não é deles); segundo, não podia deixar de falar mal de uma coisa tão armada como essa.

Vou fazer uma lista de coisas ridículas que estão nesse livro para elucidar melhor o que eu estou dizendo:


Coisas ridículas:

 
  • Dizem que os autores são mineiros, mas é uma patacoada, existem alguns que não são (e tenho quase certeza, nunca pisaram por aqui).
  • Tem um senhorzinho que é da Academia Mineira de Letras com uma das piores histórias já contadas. Ah, o sujeito nem mora em Belo Horizonte, e já faz muito tempo.
  • Parece que combinaram que alguns dos lugares famosos de BH deveriam ser citados em seus textos e uns autores levaram ao pé da letra e só falaram de lugares em BH, sem enredo nenhum.
  • Um dos sujeitos que não é daqui tentou mostrar uma rota pelas ruas de BH que se torna impossível, pois ruas paralelas separadas por dezenas de outras não fazem conexão entre si em hipótese alguma. A não ser que ele estivesse escrevendo uma ficção científica onde o personagem é sugado por um vórtex temporal e é arremessado noutra rua para chegar ao seu destino. (Ficou claro que o "autor" tentou usar o Google Maps para compor a sua história, trágico!)
  • Tem um sujeito (lembro que foi quem fez o primeiro conto) que escreveu sobre a vida da Dilma aqui no Estadual Central como se ela fosse uma grande rainha dos baixinhos, uma heroína que "nasceu com uma estrela na testa"! Sério, que bosta de "texto", porque é pura puxação de saco. Pura merda!
  • A pomposa e ilustríssima professora (daquelas com mestrado, doutorado e tudo) escreveu a pior (de todas mesmo, nem a Stephanie Meyer perde pra ela) "história" que eu já li na vida. Imagine um dicionário com uma tentativa de enredo, imaginou? Agora acrescente duas porções de arrogância mais alguns nomes de lugares da minha cidade e você terá um "conto" com absolutamente nenhum assunto.


Resumindo, tem tanta porcaria escrita nesse livro que eu fiquei empolgadíssimo, porque eu percebi que qualquer Zé Ruela pode publicar alguma coisa. Vou tentar falar sério, pois esse "livro" não pode ser levado à sério, porque tenho certeza que foi feito para publicar coisas dos "chegados" do organizador (que também escreveu um "conto" bem chinfrim).

É isso, não tenho mais nada...

Opa, já ia me esquecendo. O livro é tão ruim que eu já ia deixando passar os bons escritores que aqui estão. Vamos aos prós dessa coletânea que, se não fossem esses bravos, estaria morta por completo e em algum lugar esquecida.



Putz! Não é que tem prós?!?!:



  • Tem um tal de Frei Betto, já ouviu falar? Eu já, mas não tinha lido nada ainda, mas gostei da narrativa, da forma como ele trabalhou sua história. Muito bem escrito, por isso o texto dele pode ser realmente chamado de conto!

  • No último conto (que foi mais uma crônica), o autor Fernando Fabbrini mereceu a minha gratidão. Fabbrini escreveu um texto maravilhoso com uma ótima crítica ácida a esta cidade recheada de muito bom humor. O Fernando até explica que sempre é convidado para encerrar os livros do projeto com algum escrito seu e eu entendi porquê. Pois se não fosse ele divertindo e empolgando no final, nem o texto do Elvis (que eu vou falar em seguida) salvaria a obra.
 
  • E finalmente o melhor conto da coletânea, o mais bem escrito, o de melhor enredo, mais original e muito, mas muito divertido, intitulado "Elvis"! Caramba, que pegada. Foi o único texto que eu li sem pausas e com a curiosidade lá no alto. O autor Carlos de Campos criou uma história onde o "falecido" cantor estadunidense fingiu a morte e veio morar aqui na nossa capital. Teria o Rei morado em "Belzonte"?? Sério, dá seu jeito e leia esse conto. A trama é ótima e o final é melhor ainda. Recomendadíssimo!!! Obrigado, Carlos, você brilhou e ofuscou muita gente que nem merecia o status que têm!
 
  • Ah, tem mais um pró aqui: eu peguei o livro na biblioteca, porque se eu tivesse pagado por essa porcaria eu estaria muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito puto!

 Pra acabar com essa bagaça:



Como sempre, antes de escrever uma resenha eu dou uma pesquisada a mais para saber de alguns detalhes e, não é que eu encontrei esse livro gratuito sendo vendido na Estante Virtual por até 19 pratas??? Atenção, não se iludam, o livro é realmente gratuito e ainda vem com o selo de "venda proibida" e, mesmo que não viesse, cara!, acredite, não gaste nem um real nesse pseudo "livro"! 

A não ser que seu exemplar venha com um autógrafo do Carlos, aí você pode pagar 20 pratas no livro tranquilamente!



 

terça-feira, 30 de junho de 2015

O amor é um cão dos diabos - Charles Bukowski - Editora LP&M Pocket




Cara, que foto linda!


O Mito:



Meu exemplar estropiado!
Como não falar bem de um livro que eu li, reli e lerei novamente daqui há três anos?! Pois é, Bukowski é foda (elogiando no linguajar padrão do próprio autor)! Quem não sabe disso? (por favor, não diga: "eu!")

Mas vamos lá. Falar de Bukowski é falar de coisa boa no pior sentido da palavra! Calma, eu explico. O velho Buk é considerado o último dos escritores "malditos" entre os norte-americanos (embora ele tenha nascido na Alemanha, viveu a vida toda lá nos EUA).

Eu preciso contextualizá-los primeiro. Charles é um cara foda e único. Seu estilo é muito diferente de qualquer coisa que eu já tenha lido. Se você nunca leu poesia, vai achar o estilo desse autor estranho, mas acredito que se sentirá mais confortável do que quem é acostumado com versos. Por outro lado, se você já é acostumado com poesia, perceberá nuances ocultas entre seus escritos que olhos destreinados não perceberão.

Vale citar que o autor escreveu mais poesias do que qualquer outra coisa, mas que também publicou contos e alguns romances. Precisamos também levar em conta que a grande maioria de seus escritos são autobiográficos. E a última ressalva é que seus versos são basicamente em prosa, sim, são como relatos versificados!

O quê é que vou encontrar aqui?:

 
Minha pequena coleção do Buk!
Mas vamos deixar para falar do mestre no final da resenha, pois o mais importante é a sua obra. Nesse livro está uma coletânea de seus poemas, entre 1974 e 1977. Temos algumas fases distintas entre esses poemas e eles estão divididos dessa forma: "mais uma criatura atordoada pelo amor", "eu, e aquela velha: aflição", "Scarlet" e "melodias populares no que restou de sua mente".

Vou resumir exatamente o que você vai encontrar aqui nesse livro: sexo, álcool, jogatina, escatologia, palavrões, muita putaria, mais putaria, mais palavrões, risadas, muitas gargalhadas, muito sentimento e também muita dor. Basicamente é isso, mas é muito mais do que tudo isso.

Bukowski, acima de escritor é também uma pessoa, alguém que comete milhares de erros, que sofre por amor, que sofre pela idade, pelos vícios, pela solidão. Ele era um homem sozinho e bastante amargurado, mas que tratou de sua dor escrevendo e vivendo da melhor forma que conseguiu.

E se você não se sensibilizou com esse dedinho que eu contei de sua história vai entender o que eu estou dizendo lendo esse livro que, para mim, merece muito mais do que cinco estrelas. Sim, se eu fosse recomendar um livro, um único livro para ser lido diversas e diversas vezes, esse seria o volume indicado. Mas atenção, somente para adultos.

Sei que tem muito jovem que lê Bukowski, acho até legal que o leiam, mas se não aguentarem a maturidade chegar, façam um favor a vocês mesmos, leiam novamente quando forem adultos e repitam esse processo por anos e anos afio!

As poesias nesse livro são todas nas temáticas descritas acima, mas destaco algumas que muito gostei: a aranha (que é uma ironia escatológica, acredito que foi o primeiro poema que eu li dele fuçando num livro, maravilhoso!), Chopin Bukowski (uma alegoria sobre seu trabalho), uma aposta perdida (cara, muito engraçado!), como ser um grande escritor (que ele fala sobre a profissão de um jeito muito enfático, muito bom), entre tantos outros poemas divinos.

Eu gosto tanto desse livro que eu podia falar sobre cada um dos poemas contidos nele. Teria assunto para o resto da vida. Vale lembrar que os poemas do autor são curtos, os mais longos têm umas três páginas, mas a grande maioria cabe numa página só, ou mesmo meia. Um livro feito para preguiçosos literários apaixonados (inventei um termo!).

O quê o livro tem de ruim:


Posso passar horas lendo O Mestre!
É óbvio que eu não tenho nada de ruim para falar desse livro. Só ressalto que muitas vezes eu cheguei a sentir uma agonia profunda e até mesmo dó do autor, mas nada que me fizesse deixar de lê-lo com extrema vontade. Faça o seguinte, vá comprar o seu agora mesmo, eu até emprestaria o meu pra você, mas ele está lotado de anotações minhas, o que dificultaria bastante a sua leitura.

Repito, não pense de novo, leia!







Sobre o mestre:


Henry Charles Bukowski Jr. nasceu no dia 16 de agosto de 1920, na Alemanha. Aos três anos já estava morando nos EUA e lá cresceu e morreu, reconhecido como cidadão norte-americano. Escreveu e publicou dezenas de livros, muitos ainda nem foram traduzidos para o português (do Brasil, é claro). Entre suas abras estão contos, poesias, não-ficção e somente seis romances (o que já é muito para alguém que publicou mais de 45 livros).

Ele se casou, teve uma filha, separou e teve também muitos outros amores. Sofreu com o alcoolismo a vida inteira e faleceu aos 73 anos, vítima de pneumonia durante um tratamento de leucemia. Foi influenciado por escritores como John Fante, Ernest Hemingway, Henry Miller entre outros. E, claro, influenciou muita gente, a ponto de ser considerado por Sartre como "O melhor poeta da América." (também odeio quando eles acham que são os únicos da "América").

Eu li uma biografia do velho Buk (há bastante tempo) que me fez refletir muito sobre a vida desse homem. E, confesso, depois que eu li essa biografia minha maneira divertida de pensar sobre ele mudou para uma admiração e respeito profundo. Não conheço alguém que não tenha gostado dele, espero que não exista alguém assim e, se existir, espero que não seja você!




O autor: Charles Bukowski, O Mito!



O fazedor de velhos - Rodrigo Lacerda - Editora Cosac Naify




Esse exemplar eu peguei emprestado da Biblioteca Municipal. Sorte a minha, leiam o porquê!



Essa resenha eu começarei pelo enredo só porque eu estou afim:


Enredo:



Pedro narra a sua vida literária desde a infância, quando era obrigado a ouvir sua mãe recitar versos e seu pai contar-lhe histórias de Shakespeare. Ao longo dessa sua formação ele vai descobrindo um gosto por livros e autores que não conhecia. Acaba por se tornar um jovem estudante de história, mas se vê em conflito com sua escolha.

Meu xará conhece então um velho professor, Nabuco, um homem firme de opinião formada que lhe apresenta algumas tarefas para que ele possa descobrir-se e entender melhor o quê deveria fazer de sua vida. Um típico impasse existencial. Pedro resolve ser guiado pelo professor e acaba afeiçoando-se ao velho.

Mayumi é uma jovem oriental, afilhada do Nabuco, por quem Pedro se apaixona. Os dois são bem diferentes, Mayumi estuda medicina na França, Pedro estuda história no Brasil, ela é extremamente racional e ele totalmente emocional, mas ambos estão ligados por uma pessoa muito querida. O amor entre os dois pode realmente esperar até que os dois estejam formados e satisfeitos com suas próprias vidas?



A parte que interessa:




Vou começar elogiando o livro e o autor, mas não vou ficar só nisso, claro. Tenho muito o que dizer sobre essa leitura, mas não vou estendê-la demais (eu acho).

Primeiro de tudo, o livro chegou em minhas mãos por indicação de um novo amigo que trabalha na Biblioteca Municipal. Uma sugestão. Um romance que teria o objetivo de dar-me ideias literárias acerca de tornar-me um escritor. É um romance juvenil e ganhou o prêmio jabuti e, sim, eu gostei bastante do livro, mais do que achava que gostaria. Ponto.

Não há como negar que o autor sabe escrever e muito bem. A história te prende o tempo todo e ele consegue em muito poucas páginas (136 páginas) elaborar muito bem seus personagens (a ponto de nos fazer gostar e odiar alguns deles). É uma história curta mas de sentimento profundo. É um livro realmente muito bom... mas nem tanto.



Coisinha chata:




Uma coisa que me frustra muito é o uso indiscriminado de citações, versos, frases inteiras de autores e livros famosos. Tudo bem que nesse enredo isso caiu como uma luva, mas a ponto de ganhar prêmios de literatura? Sim, porque eu tenho percebido que os prêmios são dados àqueles que fazem um uso constante de intertextualidade. Não é uma reclamação em si, é mais uma constatação. Parece que os autores reconhecidos são sempre aqueles que fazem menções a outros grandes autores. Chatice da po#$@!!

Vejam bem, eu gostei da história aqui contada, gostei dos personagens e a leitura é muito agradável, eu recomendo que leiam também. Só estou aproveitando o ensejo para inserir minha opinião (que como já disse milhões de vezes, não vale nada). 



Pagamos caro por leitura:




Outra coisa frustrante é o preço do livro. Minha leitura veio da biblioteca ("de grátis"), mas ao procurar informações para essa resenha eu me deparei com R$39,90 (na loja da própria editora)! Que isso? Estão loucos??? O livro é lindo, mas quarenta pratas por um livro de menos de 150 páginas? E mais, a versão digital custa R$25,00 (no mesmo lugar)! Sério isso????? Esse preço é pra pagar o consumo de dados do seu G3 para enviar o livro pro meu email??? Eu sou trouxa???? Onde esse mundo vai parar?

Mais uma informação, o livro tem apoio de várias leis de incentivo à cultura, então por que esse preço????? Tem muita treta rolando por aí. Fiquem atentos!



Risco e rabisco é arte?




E eu não podia deixar de falar da "linda" arte da capa e do interior do livro. Sim, estou sendo irônico! Que porra é essa??? Adrianne Gallinari, eis o nome da "artista". Agora vou usar linguajar das ruas para ser mais claro: "Na tora, véi, que merda é essa? Minha priminha de dois anos desenha assim!"

Olhem só:



Isso é um desenho de arte??? Jura??? Então, por favor, anotem aí: estou vendendo meus cadernos do pré-primário por 200 mil cada, alguém dá mais???







 Eu quero saber uma coisa, essa mulher é parente do autor ou do dono da editora, né???? Tem certeza que não??????????????????







Não perdendo o foco:




Para não parecer que essa resenha é um crítica pura, eu vou falar um mínimo do autor para completá-la...



O autor Rodrigo Lacerda! Bela estante! (a estátua não!)
E não é que o garotão aqui é neto do famoso Carlos Lacerda?!?!?! Não conhece? Você precisa estudar mais história do Brasil (vou te ajudar, vá direto para era Getúlio Vargas, fica a dica). 

O autor nasceu no Rio de Janeiro em 1969. Formou-se em história (diria que uma escolha lógica) na USP, com direito a mestrado e doutorado. 

Traduziu muitas obras, trabalhou na editora Nova Fronteira e seu primeiro livro foi lançado em 1995 entre outras coisas bacanas (quer saber mais?, jogue no Google)

Não tomem o meu protesto como algo negativo. O que eu não queria deixar de dizer é que a escrita do Rodrigo é de fato muito boa, cativante, ágil e de muito bom gosto. Eu fiquei admirado com a prosa do autor e provavelmente lerei seus outros livros, muitos deles premiados repetidas vezes!





sexta-feira, 26 de junho de 2015

O Pistoleiro (A Torre Negra) - Stephen King - Editora Suma De Letras






Arte referente ao livro. Você notou a torre???


Antes de mais nada, desculpem-me pela demora das resenhas (tenho mais duas ainda para postar). Pelo visto eu leio mais "fácil" do que escrevo. Quem quiser acompanhar e me seguir lá no Skoob (clique aqui) para saber o quê é que eu ando lendo, sintam-se a vontade! (Eu sempre sigo de volta! rs)


Minha opinião deve sempre vir antes do enredo:



Alguém perguntará: por quê?, mas a resposta é clara, enredo está muito mais próximo de uma sinopse do que uma opinião, e como o que vale aqui nessa resenha é a minha opinião...

Não tenho muito conhecimento de King, confesso. Só tinha lido um livro dele até então (Salem's lot - que aqui no Brasil teve o imbecil título de A Hora do Vampiro). Mas vi muitas de suas entrevistas e estou lendo também On Writing, que não é um romance. O que prova que eu não sou sumidade nenhuma nesse autor. (Vale dizer que eu vi quase todos os filmes, minisséries e séries baseadas em seus livros? Não, né?!)

King é um escritor de respeito, todos sabem disso. O cara escreve muito (tanto no sentido quantitativo, quanto qualitativo), mas toca guitarra muito mal (sei do que estou falando), ainda bem que ele é famoso pela escrita! (rs). Suas obras, geralmente, trazem questões metafísicas e temos muito disso nesse livro também. O autor, logo no início (dessa última edição revisada), explica o seu intento de criar uma grande história, uma epopeia (em prosa) fantástica como Tolkien fez. (Mas não precisava dar o nome de "Médio" pro mundo, né?!)

O livro não é longo (224 páginas, o meu está na versão digital), mas é bem descritivo e não é no sentido de falar de um cenário. King aborda sentimentos e lembranças, além de passear pelas viagens mentais e espirituais de seus personagens. Eu custei um pouco a me adaptar, mas não foi difícil. Você acaba gostando de alguns pontos filosóficos levantados pelo autor. (Bom, ao menos eu gostei) Destaco uma conversa sobre o tamanho do universo e suas dimensões que são descritos exatamente como eu entendo o mundo (deve ser por isso que eu gostei!).

O Pistoleiro é praticamente um livro sobre jornada (e você não vai chegar ao fim dela, pois são sete volumes mais um outro livro que se passa no mesmo mundo) e é o primeiro volume da série Torre Negra. Aqui o mundo é árido, desértico e pós-apocalíptico (eu senti sede lendo o livro), mas eu levantei uma questão durante o livro inteiro, principalmente quando o personagem encontra Jake, será tudo uma grande alucinação? Não sei dizer, mas sei que eu fiquei com essa sensação até o final...

Minha versão digital dessa obra.
Claro que Stephen nos faz o favor de terminar o livro sem respostas suficientes (na verdade quase sem resposta nenhuma), mas eu realmente não gostei muito do final, pois ele elabora uma trama para justificar uma vingança, mas essa "vingança não é vingada" e fica uma coisa meio (totalmente) vaga! Mas essa é apenas a minha opinião. E nada disso me fez ter menos vontade de ler os outros volumes, pois realmente quero entender o que se passou aqui.

Um aviso importante: o autor diz que quis fazer uma grande saga, como Senhor dos Anéis, ele fez, mas não quer dizer que tenha algo a ver (minha conclusão de leitura de apenas um volume, lembre-se). Acredito que a maior semelhança esteja na famosa jornada (diga-se eterna, a lá Campbell) e na busca incessante.

Não sei das outras obras do autor, mas essa me soou um tanto quanto poética! Não estou dizendo isso pejorativamente, eu até gostei muito disso. Mas como eu disse, isso dificulta a leitura. Eu gosto muito de poesia, mas fico imaginando alguém que deteste tentando ler esse livro, vai ser difícil!

O livro tem cenas de ação muito boas que dão aquela guinada na história. São bem narradas (claro, o cara é um mestre) e nessas horas a leitura avança sem você nem perceber. É como assistir um filme com aquelas cenas de tiroteios enormes! Magistral!


Enredo, finalmente!!! (cala a boca, Pedro):




Roland Deschain é um pistoleiro, último descendente de um clã de homens treinados para matar (com honra! rs). O mundo onde vive é um imenso deserto sem esperanças e quase sem vida. O objetivo de Roland é vagar por esse mundo atrás de um sujeito que ele nomeou de "O homem de preto", ele acredita que esse "mago" possa ter respostas para suas perguntas (o que é a torre?, por exemplo).

A Torre Negra é um grande mistério, mas que Roland perseguirá até as últimas consequências. No caminho, ele conhecerá algumas personagens que o ajudarão, cada qual a seu modo. Jake (John Chambers) acaba aparecendo no mundo do pistoleiro e é ele quem acompanhará Roland na perseguição ao homem de preto. Sua participação é fundamental nessa trama de fim trágico. As realidades se misturam e se completam nessa história que além de "mágica" tem um quê de velho oeste!



Conclusões finais (ufa):



Vale a pena ler o livro? Ô, se vale! Vou me arrepender de ter lido? Não, de forma alguma! Vou querer ler os outros volumes? Só se você não quiser saber as respostas às perguntas que serão levantadas nesse volume! O Stephen King é um cara prolixo? Siiiiiiiiiim!!!!! (e isso é muito bom!!!!)

Mas sério, eu quero entender a trama, quero viajar por essa história e quero também esmiuçar esse mundo caótico e estranho que o autor criou! Eu não sei vocês, mas eu gosto muuuuuuuuuuuuuuuito de histórias longas e esse livro é só uma pincelada em toda uma grande saga que vem por aí. Então eu recomendo muito, mesmo que você seja um chato(a) que não gosta de ler coisas longas, arrisque-se!

Termino com uma boa frase do livro: "Vá, então. Existem outros mundos além deste."



Sobre o autor, sim, aquele sujeito com cara de doido:

 

 


Stephen King, fevereiro de 2007
Quem nunca viu ou leu King que atire a primeira maldição! Stephen Edwin King, nasceu em Portland, USA, em 1947. Sua estreia como "publicador desenfreado" de livros foi com "Carrie, a estranha" em 1974.

E é só isso que eu vou falar dele, pois eu tenho tantos livros do autor para ler ainda esse ano, que logo eu abrirei um verbete maior no Wikipédia com mais informações sobre esse gênio esquisitão! Aguardem!











quinta-feira, 11 de junho de 2015

O Guia do Mochileiro das Galáxias - Douglas Adams - Editora Sextante




O meu exemplar do Guia! Muito bem lido!!!

Caramba, vocês não fazem ideia da emoção que eu tive lendo esse livro! 

Primeiramente, quero confessar o meu pecado: eu tenho os cinco volumes dessa "Trilogia de Cinco" há muitos anos na minha estante e nunca os tinha lido (mas estou me redimindo e, até o final desse ano, terei lido todos). Em homenagem ao Douglas (estou íntimo do cara) comecei, finalmente, a ler o meu livro no dia 25 do último mês (dia da toalha).

"Segundamente", o livro me fez rir alto do início ao fim, sem trégua. (Sorte que eu moro sozinho e ninguém achou que eu estava batendo papo com algum espírito zombeteiro.) Então, se você, como eu, ainda não leu o livro, não precisa nem ler a minha resenha, vá descolar o seu em algum lugar e comece agora, imediatamente! (Sim, considere sendo uma ordem!) Nesse ano, provavelmente e até agora, foi o melhor livro que eu já li. Então, faça isso, confie piamente em mim e vá ler o livro!!!

Se você é um expert e, provavelmente, já leu o livro, sabe do que eu estou falando! Se você já leu o livro e tem a ousadia de dizer que não gostou, suma da face do universo e vá ler Crepúsculo em outro lugar!!! Se você não leu e acreditou em mim até agora, mas, mesmo assim, ainda teve preguiça de buscar um exemplar para começar a ler imediatamente, então deixe-me convencê-lo(a) um pouco mais!


Enredo dessa porra:



Olha, pra mim nem precisava de enredo de tão sarcástico/reflexivo/fodástico é essa obra, mas para nossa alegria, ainda assim existe um enredo. 

O livro conta a história de Arthur Dent e de como ele escapa da morte certa quando o planeta Terra é destruído. Dent é salvo por seu amigo Ford Prefect, que é um alienígena que vivia entre nós disfarçado de ator desempregado. Eles passam da frigideira para o fogo até, por fim, pegarem carona na nave Coração de Ouro do semi-primo de Ford, Zaphod Beeblebrox. Zaphod é o presidente da galáxia e está a caminho do lendário planeta Magrathea. Na nave, além de Zaphod, Arthur e Ford, também estão Tricia "Trillian" McMillan, uma mulher terráquea que Arthur conheceu no seu antigo planeta natal, e o depressivo e deprimido robô Marvin. Juntos, os cinco descobrem, numa incrível revelação, a verdade sobre a vida, o universo e tudo mais!


O que esperar e não esperar desse livro:



Coerência e mau humor: esse livro é desprovido destes elementos. Trata-se (e se ainda não ficou óbvio, morra!) de uma ficção científica abobalhada. Em questão de graça, essa obra possui um texto chiste e extremamente irreverente. Você lerá coisas absurdas, mas também verá muitas críticas veladas e até explícitas, tudo num bom humor sensacional, bem construído e muito bem pensado. O trágico aqui é cômico e praticamente tudo te faz rir. Adams escreve de forma simples e os muitos nomes estranhos e inventados não diminuem em nada a fluidez do texto. 

Eu, alguns segundos antes de começar a ler o livro!
A leitura é muito, muito fácil e, além disso, o livro é curto (204 páginas), narrado em grande parte na terceira pessoa e tudo que está escrito aqui foi feito para ser divertido e assim o é. Como eu disse, o enredo é só parte do grande todo desse livro, pois o mais importante é a obra em sim. Por mim, o livro poderia ter acabado no capítulo 28, lá pela página 175, quando acontece algo inesperado e incrível. Mas o autor continua com mais alguma coisas no sense pelas páginas restantes. 

Aconselho você a não esperar nada do livro, nada mesmo, pois tudo o que você espera encontrar aqui será sobrepujado. Rogo para que eu tenha conseguido convencê-lo(a) a ler essa fantástica história, caso não tenha, quem vai perder com isso é só você e absolutamente ninguém mais! Incrivelmente fantástico!

Ah! Detalhe extremamente importante que estava esquecendo de dizer (além de: lembre-se sempre de levar uma toalha consigo! Vide foto ao lado.), o título do livro se refere a um grande compêndio sobre o universo reunido em forma de guia (tipo um tablet) editado e vendido pelas galáxias, uma espécie de Enciclopédia Galática, só que um pouco mais barato e com os seguintes dizeres na capa: "Não entre em pânico"



Alguma coisinha sobre o autor:




O autor, Douglas Adams e o grande segredo!
Inglês, nascido em Cambridge, 1952, Adams foi um comediante e também escritor, tendo produzido esquetes para o grupo televisivo Monty Python (se você não sabe do que eu estou falando, você realmente é fã de Crepúsculo). O início do meu exemplar traz um prefácio contando o quanto foi difícil para o autor expressar em palavras a sua história anteriormente narrada (para quem não sabe, inicialmente, O guia do mochileiro das galáxias foi transmitido pela rádio BBC de Londres, em 1978).

Douglas Noël Adams era um ateu convicto e amante da tecnologia moderna e, infelizmente, faleceu aos 49 anos, vítima de um ataque cardíaco. Mas, lembremos de seu legado e... nunca entremos em pânico!


Marvin, na versão do longa metragem!




segunda-feira, 25 de maio de 2015

O método fácil de parar de fumar - Allen Carr - Editora Sextante


"Se eu consegui, você também consegue!"


O exemplar emprestado que me fez parar de fumar!


Eu estava muito relutante sobre resenhar esse livro porque não é o tipo de livro que mais me agrada, por constatações óbvias, mas sou obrigado a fazer essa resenha, porque eu realmente parei de fumar. Espero que esse texto possa orientar alguém que também queira muito conseguir essa façanha. Antes de mais nada, esse livro é extremamente recomendado para você que ainda está se perguntando se ele realmente funciona! Acredite: FUNCIONA!

Como então esse livro veio parar em minhas mãos? Importante história e eu conto: 

Uma de minhas metas nesse ano era parar de fumar (preciso explicar por quê?). Tinha escrito um prazo (como o livro do Trombetta havia me ensinado) para parar e, para conseguir isso, eu deveria reduzir o número de cigarros que eu fumava todos os meses, de cinco em cinco, até parar totalmente. (Ledo engano, esse livro me mostrou isso.) Mas até então eu não sabia disso e fui seguindo minha meta, sem acreditar muito que conseguiria de fato. (Consegui reduzir consideravelmente o tanto que fumava, mas não conseguia fazer isso tão facilmente e às vezes eu fumava além do que havia me proposto.)

Meu amigo, sem aparente motivo, resolveu me emprestar esse exemplar da foto, sem maiores intenções (porque ele ainda fuma e espero que não mais depois de reler esse livro que volta hoje pra ele), dizendo que o livro abordava o fumo de uma outra maneira. Eu deixei ele de lado para poder terminar de ler o que já estava na frente, mas assim que chegou a vez dele eu não o pulei. Detalhe, eu não estava pretendendo parar o cigarro quando peguei o livro para ler, tinha sim uma vontade de deixar essa porcaria, mas não acreditava que seria possível e apenas li por ler.

Qual é a grande sacada desse livro, afinal? É magia? Não faço a menor ideia. No terceiro dia de leitura (porque eu estava lendo outros títulos simultaneamente) eu comecei a sentir uma necessidade de ouvir o que o livro estava me dizendo. Eu estava fumando e lendo o volume (como o autor aconselha a fazer), mas sentia um apego muito grande com esse livro, como se ele fosse a minha chance de escapar do cigarro. Por três dias eu fumei menos ainda e, no tão fatídico terceiro dia, eu apaguei meu último cigarro. Meu maço estava no fim e aquele último cigarro acabou bem no meio da tarde. Eu podia ter saído para comprar mais, mas estava decidido que não o faria. Amanhã completo uma semana sem esse câncer enrolado! (Palmas pra mim!!)

Não sei se eu estou conseguindo transmitir a alegria que estou sentindo e o orgulho de mim mesmo, mas acreditem, estou feliz e muito orgulhoso de mim. Não fumei muitos anos para uns, mas fumei muitos anos para outros (em relação ao cigarro não existe essa coisa de pouco ou muito tempo, sempre fará mal), mas fumava e isso nunca na vida de ninguém foi uma coisa boa. O fato é que eu parei e sei disso. 

Essa noite passada eu tive meu primeiro pesadelo onde eu estava fumando (o autor fala sobre isso), essa é mais uma prova de que eu não quero voltar a fumar, pois se quisesse, teria sido um lindo sonho. (Já aconteceu isso antes com relação à carne, pois sou vegetariano e quando sonho que estou comendo alguma carne, pra mim, é um pesadelo!)


O quê o livro fala:


Allen primeiro vai falar sobre a própria vida, como ele era um contador estressado que fumava 100 (isso mesmo, CEM) cigarros por DIA. Conta como suas tentativas de parar eram todas fracassadas e como sua vida estava abreviando-se rapidamente. Ele já estava com quase cinquenta anos quando finalmente largou o vício. E aqui ele vai te ensinar como e o quê fazer.

Ele aborda esse vício de uma forma diferente, ele te conta todas as artimanhas que estão implícitas por trás dessa indústria bilionária, que fazem com que tantos caiam em desgraça e acabem acendendo o primeiro cigarro. Ele pede para que você continue com sua rotina de fumante enquanto vai lendo o livro. Ele pede inclusive para que você não pare de fumar antes de terminar o livro (eu parei antes, metade dessa obra já foi o suficiente para eu perceber o quão idiota eu estava sendo).

O autor vai falar sobre todos os problemas do cigarro e se aprofundar em todos eles, um a um, para mostrar-nos como as coisas são realmente feitas. Em outras palavras, ele abre a sua mente e mostra o quanto somos viciados e idiotas de continuarmos fumando. Ele não vai te obrigar a nada, pelo contrário, o autor vai mostrando que sabe o que é ser um viciado, mas ele desmistifica todas as lendas que estão por trás do fim desse vício. É uma bela obra, principalmente para os fumantes. Aqueles que têm parentes fumantes vão se interessar pelo livro também (afinal, ninguém quer ver alguém que amamos morrer por causa dessa merda).

Não se desesperem, Allen conta que, se você não conseguir largar o vício (e a eficiência do método dele é de mais de 90%) ao terminar sua leitura, você deve ler alguns capítulos específicos de novo, ou procurar algumas de suas clínicas espalhadas pelo mundo. 

Não sei você, mas eu não quis esperar ter câncer para parar de fumar. Minha vida já não andava muito saudável há tempos e eu não queria continuar torrando o meu dinheiro nessa bosta e morrer por causa de uma vício estúpido. Mas façam o seguinte: se você é fumante e está pouco se fodendo se vai morrer ou não por causa do cigarro, registre essa opção de escape em sua mente e, quando estiver bem perto do fim e, talvez, só talvez, querendo escapar da morte, lembre-se dessa saída e leia esse livro.

Espero que eu tenha conseguido fazer a minha parte como ex-fumante e ajudado alguém contando sobre esse livro. Se eu não conseguir fazer absolutamente nada por nenhuma pessoa, isso não irá me incomodar muito, pois a pessoa que eu mais precisava fazer algum bem eu já fiz: EU! E estou muito satisfeito por ter conseguido. Qualquer dúvida e caso queiram falar comigo, é só chamar em alguma das redes sociais que eu respondo o que quiserem saber sobre esse livro. Acho importante poder ajudar alguém a deixar esse vício.

Uma coisa legar sobre o termino do meu vício: eu prometi pra mim mesmo que juntaria todo o dinheiro dos cigarros da semana e gastaria alimentando meu outro vício, um bem mais saudável, a leitura. Toda semana eu me darei livros de presente. Foi um ótimo incentivo!


Sobre o autor:


Foto mais antiga do autor.
Allen nasceu em Londres, Inglaterra, em 2 de setembro de 1934. Começou a fumar aos 18 anos (ao menos é o que dizem) e só parou o vício aos 48 anos de idade.

Ele era um contador estressado, de vida corrida e vício enraizado. Carr precisou chegar à beira da morte para descobrir que precisava e que conseguiria para de fumar. Assim o fez, por n razões explicadas no livro, e, a partir de então, começou a ensinar os amigos como havia feito para parar com os cigarros. Tomou isso como profissão ao perceber a eficiência do seu trabalho. Escreveu vários livros para ajudar pessoas a abandonarem vícios (esse foi o primeiro) e montou uma rede de clínicas de combate ao tabagismo espalhadas pelo mundo. 

Em 2006, aos 71 anos e depois de ter abandonado o vício há 23 anos, Allen foi diagnosticado com câncer e, um mês depois, deu a notícia que a doença estava em estágio terminal. Ele faleceu nesse mesmo ano aos 72 anos de idade. Sua luta era para derrubar não só o vício, mas também quem o promove, como o governo e a grande indústria do tabaco.

Allen Carr, o autor, um cara que sem querer (depois querendo) mudou a vida de muita gente!


terça-feira, 19 de maio de 2015

Liberdade - Osho - Editora Cultrix




Esse é o exemplar emprestado que eu tinha em mãos.
  Conversa vai, conversa vem e esse livro me foi recomendado, e não foi por qualquer um, mas sim por um grande amigo de longa data e, se ele recomendou, eu tinha de ler. Assim sendo, eis a minha resenha sobre esse compêndio espiritual que fala sobre liberdade!

   Antes de mais nada, queria, de antemão, lembrar que eu não sou um cara nada religioso, mas acabei surpreendido pelo livro, pois, ao contrário do que eu pensava, Osho não exalta nenhuma religião. (Mas seus seguidores o fazem. Vale sempre lembrar que, por mais espiritualizado e livre que seja o mestre, seus discípulos sempre irão entender de uma outra forma e talvez divulgar um outro conhecimento.)

Outra coisa que me deixou um pouco chateado (para não dizer revoltado) foi a imensa propaganda que existe em cima dos ensinamentos desse homem (já falecido). É todo um mercado de marketing e exploração para arrecadar fundos para uma "instituição" que está fazendo exatamente tudo ao contrário do que está escrito nesse livro. Partindo desse ponto e anulando a minha descrença e inteligência, devo dizer que esse é um bom livro que vale a pena ser lido, não pelo que andam fazendo seus discípulos, mas pela obra em si.

Depois de ter falado mal de seus "asseclas" e toda falta de coerência que eu acabei descobrindo em minhas pesquisas para escrever essa resenha, vamos ao conteúdo em si que, na minha opinião, é o que salva o "autor" (já explico as aspas).

Desculpem-me pela demora em ir logo falando do livro, mas não posso simplesmente abster o meu senso crítico acerca das coisa que o envolvem. Dizendo isso, ainda vale mais uma ressalva: Osho nunca escreveu nada (eis a explicação das aspas), todos seus livros são transcrições de suas palestras e entrevistas, organizados por seus seguidores. Não sei você, mas isso já me deixa com mais um pé atrás.


Pontos positivos:


Tudo bem, vamos falar de liberdade, e é sobre isso que esse livro fala. Somente um homem muito espiritualizado para ter esse tipo de pensamento, foi o que me chamou a atenção logo que iniciei minha leitura.

Osho fala sobre três tipos de liberdade: A liberdade de, A liberdade para e A liberdade espiritual.

De acordo com o "autor" (lembre-se que ele não o escreveu), a Liberdade De, refere-se à liberdade do indivíduo da sociedade, da religião, dos dogmas e preceitos, do governo opressor, de suas pré-programações e até mesmo de sua família. São muitos os tipos de "escravidão" envolvidos e Osho dá exemplo de muitos. Concordei com muitos e discordei de alguns e, mesmo dos que eu discordei, vale uma profunda reflexão, pois esse guru não está de todo errado.

A Liberdade para é um destino para a primeira liberdade. Osho afirma (e eu concordo com ele nesse quesito) que não adianta se libertar de algo e não ter um objetivo. Pra que serve a liberdade se não sabemos o que fazer com ela? Mais uma vez temos muitos exemplos acerca do assunto, onde são abordados até casos de escravidão literal. Osho fala sobre indivíduos disseminando morte e escravidão a seus inimigos após conseguirem a tão sonhada liberdade, simplesmente por não saberem lidar com o que conseguiram.

Nessa parte, Osho explica que a Liberdade para é feita por uma mente criativa, aqui ele encaixa todos os artistas que criam suas obras. De acordo com o "autor", somente uma mente criativa poderia dar direção para uma nação em liberdade.

E finalmente chegamos à liberdade espiritual que trata diretamente do indivíduo, da liberdade de sua mente. Não importa o governo, criação ou religião, uma mente livre de dogmas é capaz de ser livre mesmo que tenha o corpo trancafiado numa prisão. Trata-se da liberdade mais importante explicada no livro. Meditação é o caminho para treinar a mente de cada indivíduo para ser livre.

Osho utiliza-se de parábolas antigas de várias culturas para explicar minuciosamente o seu conhecimento, cita diversos autores e pensadores e faz diversas analogias para esclarecer seus pensamentos. Tudo é muito bem explicado e seu ponto de vista fica nítido.



Pontos negativos:



Julguei-o um pouco marxista logo de cara, mas depois percebi que não era bem assim, embora essa seja uma comparação muito válida, já que muitas de suas ideias têm essa origem.

Osho se torna repetitivo lá pela metade do livro em diante, pois essa obra é um apanhado de diversas palestras pelo mundo. A explicação de um determinado assunto é exposta de dezenas de formas diferentes. Chega a ser um pouco enfadonho em determinadas partes.

As ideias de Osho podem se tornar grandes embaraços sociais se forem levadas ao pé da letra, mas isso vai do entendimento de cada um. (Tenho certeza que minha amada não concordaria com o que ele diz sobre o casamento! rs)


Conclusões:


Tive a grata oportunidade de ler pela primeira vez os ensinamentos desse mestre contemporâneo, mesmo sabendo de sua existência há anos. Não arrependo-me de tê-lo lido antes por acreditar que não estaria preparado para tais ensinamentos. A obra em si é de fácil leitura e assimilação, mas é mais uma daquelas obras que podem ser erroneamente interpretadas por mentes mais desqualificadas. Veja bem, a leitura é fácil, mas a filosofia contida nesse livro é algo para ser refletida por toda vida.

Eu recomendo esse livro para todos sem exceção, mas recomendo também cautela e reflexão. Eu particularmente gostei muito do que aprendi e li aqui e pretendo ler diversos títulos desse "autor". Tenho medo do que seus ensinamentos geraram pelo mundo, mas acredito que, esteja ele onde estiver, estaria satisfeito com sua influência sobre a humanidade e, talvez, só talvez, apavorado com as sementes que plantou! Ótima leitura.


Sobre o "autor":


Rajneesh Chandra Mohan Jain, o Osho
Osho nasceu na Índia, em 1931 e faleceu no mesmo país aos 58 anos, em 1990. Esse "sujeito" de barbas longas (de dar inveja!) foi uma figura controversa e até mesmo temida em diversos países, por conta dos seus ensinamentos revolucionários. Foi formado em filosofia e atuou como professor universitário antes de rasgar seus diplomas e sair pelo mundo pregando seus pensamentos.

Alguns o consideram um ser divino de ensinamento transcendental, mas seja como for, Osho viveu e disseminou sua compreensão acerca do mundo por onde passou. Ele nunca escreveu um livro, mas de suas palestras e entrevistas foram publicados mais de 650 títulos.

Osho pregava a liberdade sexual, o rompimento da sociedade e do governo (pois considerava o mundo uma só nação), o rompimento do indivíduo com a religião e principalmente a liberdade espiritual. 

Vele uma frase importante aqui: "Toda ação é uma limitação!", palavras desse sábio guru. Reflita!





segunda-feira, 4 de maio de 2015

Conheça sua mente e conquiste seus sonhos - Marcos Trombetta

O livro físico foi lançado pela Editora Imprensa Livre, mas foi financiado pelo autor.


A resenha desse livro é especial para mim, não por se tratar de um título de autoajuda (o livro é muito mais do que isso), mas pelo fato de como eu cheguei até ele. Contarei essa breve história:

Há uns três meses, eu estava me sentindo um ser desorganizado e muito inconstante e, num dia qualquer de navegação pela internet, digitei as seguintes palavras no YouTube; "metas e objetivos". Muitos títulos levavam esse nome e comecei a vê-los, um a um. Fiquei entediado e desanimado, pois eram filmes vagos e seus apresentadores eram convencidos e desestimulantes. Dentre os primeiros, para minha alegria, estava o do autor desse livro, falando exatamente sobre esse assunto.

O primeiro vídeo que eu vi no canal do Marcos era antigo (há uns dois anos ou mais), estava com a imagem ruim e o som ruim também, ele não falava articuladamente como fala hoje em dia, mas o assunto era de extrema importância, dita de forma humilde e amigável. E o melhor, ele se propunha a ensinar tudo o que tinha aprendido sem enrolação. Gostei muito daquele primeiro vídeo e logo me pus a assistir todos os outros (o autor aborda diversos assuntos, todos na intenção de instruir e estimular). Lembro que no primeiro dia eu assisti umas duas ou três horas dos seus vídeos (e os assisto até hoje). Mas enfim, segui vários de seus conselhos e hoje pratico minha disciplina traçando minhas metas e alcançando os meus objetivos.

Conversei com o autor pelas redes sociais e disse sobre meu blog, agradeci seus vídeos e perguntei se ele tinha interesse que eu fizesse a resenha do seu livro aqui. Como esperado, ele foi muito gentil e respondeu toda conversa e ainda me mandou gratuitamente o seu livro digital para que eu lesse. E foi assim que tive a felicidade de tê-lo lido e aprendido muito mais. E é com orgulho e satisfação que falo sobre o livro agora.



Não é um livro de autoajuda:


Sim, meus caros, porque é muito mais do que isso. O livro é um compêndio de tudo o que o autor já leu do assunto descrito e é explicado detalhadamente em suas próprias palavras, com centenas de exemplos e também citações. Como o título do livro sugere, aqui você vai entender mais sobre sua mente, seu consciente e subconsciente e como eles atuam sobre suas decisões e indecisões. Trombetta explica tudo nos mínimos detalhes e apresenta alguns exercícios para você desenvolver novos hábitos, aprender a criar metas e a alcançar os seus objetivos agindo. Marcos não guarda nenhum segredo e, se alguma coisa ainda não foi dita ou talvez deixada para trás, é porque o assunto é extenso. 
É um livro simples, fácil de ler e entender. Não existe nada místico ou sobrenatural aqui, são dados científicos baseados nas experiências de quem teve conquistas pessoais através dos métodos relatados. O autor é uma prova viva desse conhecimento. Marcos ainda revela alguns bons livros sobre o assunto (existe uma lista completa no final desse volume) para que possamos imergir nesse novo saber.

O melhor de tudo neste livro é sua função prática. O autor vai lhe explicar como funciona tudo dentro da sua mente e como você deve fazer para reprogramá-la para conquistar os seus sonhos. 


Autoajuda:


Como já disse antes, não se trata disso, mas acredito que seria classificado como tal. O importante aqui é você saber que o intuito principal do livro é ajudar. Sim, você ajudará a si mesmo, mas é muito mais do que isso. Você lembra do filme/livro "O Segredo"? Se você gostou desse filme, vai amar este livro, se você discordou desse filme e o achou fraco em seus argumentos, vai entender corretamente do que se trata. Se você nunca ouviu falar desse filme, fique tranquilo, pois no livro "Conheça a sua mente e conquiste seus sonhos" você vai entender de forma detalhada como melhorar seus pensamentos e criar uma rotina com novos hábitos que lhe possibilitarão alcançar o sucesso.


Conclusões:


Existe uma coisa que tenho fé absoluta: em mim mesmo (como a maioria já sabe, não sou nem um pouco religioso). O livro aborda exatamente o que eu precisava para desenvolver o meu "Eu". Nada mais, nada menos. E por que eu indicaria essa leitura? Porque eu não conseguiria descrever tudo o que o autor ensina aqui e da forma como ele ensina, simplesmente magistral. Se você, assim como eu, busca conhecimento, compreensão, e também melhorar a sua vida de forma rápida, leia esse livro.

E mais uma última coisa, como recomendado pelo autor, esse é o tipo de livro que você precisa ler, reler e "trerreler". Hoje ainda eu começarei a minha segunda leitura (estou ansioso para adquirir a versão física para encher de anotações) e continuarei a praticar tudo o que eu aprendi aqui. 

Quem me conhece pessoalmente sabe que eu não faço propaganda de coisas que eu não gosto, devem saber então que eu faço questão de expor tudo aquilo que eu realmente aprecio. Esse é o caso aqui. Boa leitura para todos.


Sobre o autor:

O autor: Marcos André Trombetta.


Melhor do que eu para falar de um ser humano tão gentil e atencioso, só ele próprio, veja a história de crescimento de Marcos Trombetta, um garimpeiro que se tornou empreendedor, professor, consultor, escritor e etc. por simplesmente acreditar em si mesmo, ler, estudar e correr atrás dos seus sonhos e se tornar o grande homem que é:



E aqui o canal no YouTube, onde Marcos transmite todo seu conhecimento nas diversas áreas que domina:


Enjoy!



sábado, 25 de abril de 2015

Auto da Compadecida - Ariano Suassuna - Editora Agir

Meu exemplar de 1988, caindo aos pedaços, mas lindamente magnífico!

Minhas considerações:


Não posso começar essa resenha falando do enredo, pois se você ainda não leu (ou não assistiu), deve ao menos ter ouvido falar dessa história. E eu preciso fazer isso porque a minha opinião (que será muito boa) deve vir primeiro. 

Tenho esse livro guardado na estante há muito tempo e ele estava lá, se empoeirando, esperando que eu o lesse e finalmente sua hora chegou (arrependo-me amargamente de não tê-lo lido antes). Meu exemplar é velho e puído, com a capa soltando, afanado de uma biblioteca de um colégio (algum antigo aluno me deu, deve ter sido esse aluno quem cometeu o delito, não eu, pois não furtaria livro nenhum de biblioteca nenhuma), mas é meu por direito (e por gosto).

O assunto "Auto da Compadecida" surgiu tanto na última semana numa conversa com um amigo que eu fui obrigado a pegar o meu exemplar parado na estante e ler. Leitura fácil, divertida, descontraída e muito gratificante. O livro tem 203 páginas que passam voando (se não tivesse tendo obra aqui em casa eu o teria lido em poucas horas).

Este volume está em forma de roteiro teatral, foi escrito originalmente em 1955 e encenado pela primeira vez em 1956. Eu só tomei conhecimento dessa peça quando ela foi adaptada para televisão numa minissérie da Globo (porcaria de emissora) em 1991 (assisti nessa época mesmo e foi, até hoje, a melhor coisa que já vi nessa porcaria de canal). Não sou acostumado a ler esse gênero literário, mas sou grande fã da literatura de cordel (Suassuna baseou-se nesse outro gênero para compor o Auto da Compadecida). Esse livro é tão lúdico e envolvente que você nem precisa de tempo para se acostumar ao gênero, porque, quando você se dá conta, já acabou. 

Não sou nem um pouco religioso, nadinha mesmo, mas Ariano é, e muito. E, confesso, fiquei arrepiado com o julgamento final e a convocação da Compadecida. A título de curiosidade: Suassuna anota logo no início do livro que os atores que representarão, respectivamente a Compadecida e Manuel (Jesus), não são dignos do papel. Em suas próprias palavras: 

"A mulher que vai desempenhar o papel desta excelsa Senhora, declara-se indigna de tão alto mister."

"O ator que vai representar Manuel, isto é, Nosso Senhor Jesus Cristo, declara-se também indigno de tão alto papel."

São poucos os livros que te fazem esboçar um sorriso, mais raros ainda são os livros que te fazem dar gargalhadas, e este é o caso, muitas gargalhadas, principalmente nos causos de Chicó e nas armações de João Grilo.

Gostei tanto do livro que pretendo ler mais coisas do Suassuna, talvez até sua obra inteira!

Se ainda não te convenci a ler esse livro (ainda hoje de preferência), deixo ainda o enredo para ver se, ao menos, desperto-lhe uma curiosidade.



Enredo:


Toda a peça se passa numa pequena vila (uma minúscula cidade do sertão) que consiste em uma igreja, um pátio de igreja e uma rua para entrar e outra para ir-se embora. Ah, e um lugar para o julgamento. A história é narrada por um palhaço que também interage com os atores.

Chicó é amigo de João Grilo e ambos trabalham para o padeiro e sua esposa. Chicó é um cabra frouxo, contador de histórias; e João, seu melhor amigo, é um sujeito amargurado na pobreza, cheio de criatividade e esperteza, que remói sua infelicidade por ter sido abandonado por seus patrões quando esteve doente. Os dois vão se enrolando em tramoias e enganando a todos; o padre, Sr. Antônio Morais, o sacristão, o bispo e o frade, o padeiro e sua esposa, além de outros.

Por fim, acontece um grande julgamento. E se alguém me perguntar como é que foi, eu responderei: "Não sei, só sei que foi assim."


Sobre o autor:



O autor, Ariano Vilar Suassuna (1927 - 2014)


Suassuna era um icônico paraibano, nascido em João Pessoa no dia 16 de junho de 1927, um sujeito que não gostava de viajar e nem de tomar café, que adorava sua terra e era apaixonado pela literatura de cordel. Projetou-se com a peça Auto da Compadecida em 1955, entre tantas outras de suas obras. Escreveu, em sua grande maioria, para o teatro, mas também publicou alguns romances e muitas poesias. Vendo suas entrevistas e lendo suas reportagens, nota-se claramente um ar matuto e espertalhão aprofundado pelo sotaque melodioso e curioso do Nordeste. Na minha opinião, Ariano foi uma combinação de seus dois famosos personagens, Chicó e João Grilo, não dá para não se divertir lendo e ouvindo Suassuna.


Adendo:


Duas entrevistas com o autor, exibida originalmente em 2001 pela Globo (porcaria de emissora que se salva de vez em quando) dividida em duas partes. Aconselho a ver todas as entrevistas relacionadas, pois ouvir Ariano contar causos, é para chorar de rir:





terça-feira, 21 de abril de 2015

Neuromancer - William Gibson - Editora Aleph

Meu exemplar de Neuromancer da editora Aleph de 2014.


Enredo:


Trata-se de uma ficção futurística. Nosso planeta está diferente, a tecnologia domina a Terra e as realidades se mesclam; de um lado existe o plano real (físico) e do outro está a Matrix (o ciberespaço). Para acessar a realidade virtual temos os chamados cowboys, os conhecidos hackers, que se plugam com eletrodos no cérebro aos seus consoles (decks) para viajarem e agirem na Matrix. Um destes jovens cowboys é Case, que vive de furtos de segredos eletrônicos, atacando as grandes corporações tecnológicas, mas que está banido do ciberespaço porque traiu seus antigos contratantes, que colocaram uma substância no seu corpo que o impede de se plugar (flipar) a qualquer console. 

Case está beirando seu fim com o consumo abusivo de drogas ilícitas, álcool e cigarros quando conhece Molly, uma samurai moderna com navalhas implantadas sobre os dedos e lentes espelhadas cobrindo seus olhos (vide capa do livro) que lhe oferece uma solução: trabalhar para um misterioso homem chamado Armitage, que além de contratá-lo, irá dar-lhe a oportunidade de se conectar novamente à Matrix, eliminando a toxina de seu organismo e regenerando sua saúde.

Mas existe alguém por trás de Armitage e, Molly e Case, pretendem descobrir o que está acontecendo. Case é operado e tem seu pâncreas substituído para poder se plugar novamente, mas seu contratante adicionou uma garantia de serviço nessa cirurgia, saquinhos que vão se dissolvendo aos poucos e que poderão impedi-lo novamente de se conectar à Matrix ou até mesmo matá-lo. Case corre contra o tempo para servir Armitage em seus planos e, simultaneamente, descobrir o quê (ou quem) está nos bastidores dessa enigmática aventura.


Edição:


Meu exemplar é de 2014, mas a "retradução" é de 2008, feita para comemorar os vinte e cinco anos do lançamento do livro original. Esta é uma reedição de Neuromancer pela editora Aleph (que publicou esse título pela primeira vez no Brasil em 1991). William Gibson introduziu o conceito "cyberpunk" com esta obra, o que lhe rendeu três famosos prêmios no gênero ficção científica: Hugo Award, Nebula Award e Philip K. Dick Memorial Award.

Este livro influenciou e ainda influencia muitos escritores e diretores, alguns filmes famosos, como Matrix e A Origem, também são obras inspiradas nas linhas de Neuromancer. Você já assistiu Johnny Mnemonic, pois então, este filme é baseado num conto de Gibson (e também roteirizado por ele, o texto original é de 1981), anterior ao livro em questão, e que apresenta uma de suas personagens: Molly. Na verdade, Neuromancer foi escrito como livro único, mas acabou se tornando o primeiro volume da Trilogia Sprawl. Mas o que há de tão especial nessa obra? Simplesmente o fato de Gibson conseguir descrever tecnologias e termos inexistentes para a época, e também disseminar o elemento punk e gótico futurístico.



O autor de Neuromancer e divulgador/criador do estilo cyberpunk, William Gibson.

Sobre o autor:


William Ford Gibson é natural da Carolina do Sul (USA), da cidade de Conway, nascido em 1948. Mudou-se para o Canadá para fugir de uma convocação para a Guerra do Vietnã conseguindo a dupla cidadania em 1968 e tornando-se escritor em tempo integral. Gibson cunhou a palavra ciberespaço no seu estilo de escrita chamado de cyberpunk, que consiste numa dicotomia entre tecnologia avançada e uma vida pobre num futuro provável e não muito distante da realidade. Neuromancer (1984) foi seu primeiro romance, seguido de Count Zero (1986) e Mona Lisa Overdrive (1988), que são os três livros da série Sprawl. Seus contos e histórias são, em sua maioria, no gênero de ficção científica. Suas obras foram muito elogiadas e premiadas. Ele também escreveu para TV (alguns episódios de Arquivo X) e cinema (o roteiro original que seria usado em Alien 3). Hoje ainda escreve e cria, influenciando muitos autores, diretores e também bandas como U2 (que fez uma turnê baseada na visão cyberpunk futurística do autor) e Dope Star Inc. (que lançou um álbum com o título: Neuromancer, baseada em seu primeiro livro)


Minhas impressões:


Eu não fazia ideia do que leria até começar a folheá-lo. Eu sabia previamente de duas coisas: era um livro de ficção científica (que eu gosto bastante) e o livro tinha servido como referência na criação do filme Matrix (que eu gosto ainda mais). Não precisava de outro motivo para lê-lo então.

Este é um livro de porte médio, com 319 páginas, incluindo um glossário, introdução do autor e algumas páginas sobre a influência do livro na cibercultura.

Quando comecei minha leitura (depois de ler todo o glossário, como recomendado no início do livro), deparei-me instantaneamente com a primeira dificuldade: o vocabulário. O autor criou muitas palavras, termos e gírias para descrever situações e ações por todas as páginas do livro que, mesmo que você tenha lido o glossário (como eu fiz), você ainda assim se perde.

É um livro denso, de ações e cenas rápidas e filosóficas. Em alguns momentos do livro eu me perdi e não fazia a menor ideia se o que eu estava lendo estava acontecendo no mundo físico ou se era no ciberespaço. O tempo todo acontece essa transição de um plano para o outro e nem sempre conseguimos percebê-la, pois é algo repentino e muito sutil.

Fiquem atentos, pois o livro contém muita violência, uma cena de sexo explícito (fiquei surpreso, pois nunca tinha lido nada assim nesse gênero literário) com palavreado vulgar, linguajar pesado e brutal, muitas, mas muitas gírias e palavras desconhecidas e não usuais, uso abusivo e destrutivo de drogas, roubos, mortes, lutas, politicagem, viagens alucinógenas e virtuais, traição, planos maquiavélicos, loucura, ilegalidade e tudo mais que se possa pensar de vil e indecoroso.

Neuromancer não é um livro infantojuvenil, com toda certeza (graças aos deuses), mas é um livro delicioso de ser lido, com uma história profunda e recheada de reflexões. Tudo corre muito rápido (pois o livro é curto) e a narrativa é completamente diferente de qualquer uma que eu já tenha lido. Tirando toda sua complexidade (que ao meu ver só o torna mais interessante) e dificuldade de ser lido, eu recomendo essa história que é muito bem construída e articulada. Estou ansioso para ler os próximos dois que completam essa trilogia, mas antes, pretendo relê-lo, pois esse é o tipo de livro que não se absorve tudo numa só leitura.




Essa é a capa da edição original de 1984.