quinta-feira, 26 de março de 2015

Sem fim (revisão)

Este foi o último texto publicado no meu antigo blog, um simples verso, mas, lendo-o agora, pareceu-me uma despedida. Por quase três anos sem postar - uma linha sequer - nesse mundo "blogueano", acredito que esse tenha sido um fim para um novo começo. Muitos outros versos e histórias vieram depois, mas este aqui deixou um gostinho de adeus...



Sou o calor de tudo isso,
Sou o homem na estrada
Estou a passos daqui
Estou em vasta jornada

Cá entre os homens perdidos
Nada temo aquilo que vem
Se por ordem de descabidos
Nada sofro daquilo que tem

Caminho em trôpego passo
Embaralhado no teor de mistério
Envolto em tempo de encontrar
Algo que me faça mais sério

Tento por vezes a morte driblar
Se ainda caminho é porque quero
Sendo assim não posso falhar
Preciso viver e encontrar o qu’espero

Não lembro bem o começo
Não me atrevo a desistir
Se por um acaso enalteço
É por que um dia hei de sentir

A minh’esperança não morre
Embora falhe, não há de partir
Meu coração pulsa mais forte
Ainda não sei ao certo onde ir

Quando outro dia amanhece
Tento por vezes me lembrar
Que perder outro dia não posso
Pensar em fugir ou desesperar

Sou aquilo que entendo
Embora muito incompreendido
Sou aquilo que tento
Embora falhe e já tenha caído

Sou homem como muitos outros
Temo por meus dias infundados
Sou tão cheio de amor e dor
Por tempos longínquos furtados

Outra vez me posto a escrever
Tentando meu interior refletir
Fácil não é desvelar ou subverter
Com palavras vou tentando exprimir

Sou a dor da busca estendida
Ainda existe em mim calma
Se por tempos não vejo saídaSou o ardor dessa minh’alma

Rogo por um dia encontrar
Algo que possa me satisfazer
Sentar-me brando à leitura
Doutro livro que tenha de ler

A bem da verdade, isso não nego
São páginas malditas que m’inquietam
Em cada palavra encontro um dilema
São essas verdades que me desassossegam

Hoje, mais um dia qualquer
Outra trilha começa sem fim
Proponho uma nova empreitada
Outra busca à procura de mim

Sou então aquele conformado
O homem cansado mas persistente
Sou então aquele angustiado
O homem de procura inerente

Sou o que sou e nada além disso
Sou aquele que parte, porém volta
Sou o homem abrutalhado, indeciso
Sou o projeto de sábio sem resposta

Sei que nada sei e continuo assim
Não busco além do que posso e quero
Embora sempre saiba dentro de mim
Que aquilo que quero e espero
Nunca vai ter um fim


Publicado originalmente no dia 3 de janeiro de 2012, Terça-feira.

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