segunda-feira, 23 de março de 2015

O prazer de ler - Heloísa Seixas - Editora Casa da Palavra

Presente maravilhosamente prazeroso!

Esse é o tipo de presente que supera as expectativas.  

Primeiro falarei de como o livro veio parar em minhas mãos, depois descreverei o imenso prazer e inspiração que ele me deu.

Estava eu e minha amada visitando uma livraria enquanto aguardávamos a exibição do filme "Relatos Selvagens" num cinema cult daqui de Belo Horizonte (há umas três semanas) e, entre tantos volumes interessantes, esse se destacou aos olhos de minha companheira. Animadamente ela o mostrou e eu despretensiosamente o folheei. Gostei de algumas coisas, mas logo passei para o próximo título que me chamava a atenção sem dar muita importância. Eu não pretendia comprar nenhum daqueles livros naquele dia, meu objetivo era o filme somente. Mas - para minha futura alegria - para ela não era o suficiente apenas saber da existência daquele volume. Ela consultou o preço com a caixa do estabelecimento e disse que voltaria após a sessão para comprá-lo. Fomos para o filme e pronto. Achei que, talvez, ela nem se lembraria de voltar à loja, mas assim o fez assim que saímos do cinema. Fui atender uma ligação e fiquei esperando do lado de fora enquanto ela efetuava a compra. Quando saiu da livraria, toda sorridente, estendeu-me uma sacolinha de papel e deu-me o tal livro de presente. Grata surpresa! 

Duas coisas sobre isso: primeiro, a dedicatória era mais importante que o próprio livro; segundo, foi o primeiro livro que ela me deu em mais de dois anos de namoro. E, confesso, valeu a pena todos esses anos para me presentear com uma coisa tão significativa. 

Volto a dizer, amo livros, isso é mais do que óbvio, mas nem sequer fazia ideia do que estava por vir. Naquela primeira semana ainda estava terminando o livro anterior, mas coloquei-o na fila de leitura - na frente de todos os outros -, porque não podia deixar para depois uma representação de carinho tão grande. Na semana seguinte, corri os olhos por suas páginas quando chegou a sua vez e até fiquei interessado, mas empolgado e enaltecido fiquei quando o li. Gosto de livros que falam de livros e este aqui é exatamente sobre isso: livros e o amor de sua autora por eles. Tudo muito sucinto e objetivo, belamente escrito e apaixonante. Gostei tanto que alonguei sua leitura para não terminá-lo de imediato (o livro tem somente 78 páginas) e mesmo assim o terminei em dois dias (para minha tristeza, pois este é o tipo de assunto que quero ler indefinidamente).

Heloísa conta suas experiências com livros; como começou sua paixão por eles, sua dedicação em lê-los, seu amor pelas histórias e pelos autores, o seus livros favoritos, os seus gêneros prediletos, recomenda muitas leituras, fala de bibliotecas (criei imagens mentais da biblioteca da Universidade de Salamanca, na Espanha e da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro sem ao menos conhecê-las), descreve seu gosto por livros velhos e empoeirados dos diversos sebos que visitou pelo mundo (aqui ela cita o nosso querido e amado edifício Maleta) e - a melhor parte - ela faz uma lista de livros que levaria para uma ilha deserta (sensacional).

O prazer de ler é um livro de rápida e deliciosa leitura. Adorei lê-lo e o deixarei sempre por perto para futuras consultas, pois lerei vários dos títulos que ela recomenda. Muitos dos títulos abordados eu até já conhecia e uma boa parte eu já li. Prometo que vou deixar meu preconceito de lado e vou ler as autoras mencionadas, mesmo tendo um monte de ressalvas a fazer sobre estas leituras. Claro que também vou ler alguns dos livros da autora, pois "meu santo bateu com o dela!". Curti demais e recomendo mais do que bastante.

Ainda não disse nada sobre a inspiração que o livro me trouxe. Vou citar então algumas delas: ler e escrever estão diretamente ligados e Heloísa confirmou isso (coisas assim me fazer querer escrever sempre mais); preciso dedicar-me mais à leitura em sua língua de origem (coisa que nunca tentei, mas sempre quis); lerei mais clássicos durante o ano, tentando equilibrar as coisas entre o cânone literário e blockbusters; fiquei tentado a explorar gêneros que não eram de meu agrado.

Quero acrescentar uma coisa a respeito do que está no livro sobre o porquê dos brasileiros (principalmente crianças) lerem tão pouco. Heloísa cita a escritora Ana Maria Machado que comenta ser porque os professores não têm tempo de leitura por conta de trabalho e deslocamento no meio urbano. O que entendi é que a acima citada escritora atribui a falta de hábito de leitura à escola. Eu discordo, pois o meu hábito de leitura (e também da Heloísa) foram construídos dentro de casa. A escola segue somente um protocolo de adicionar livros aos estudos, mas o gosto de ler vêm mais dos pais do que de outro lugar. Se a casa não possui livros fica difícil de uma criança amá-los.


Sobre a autora:

Heloísa é natural do Rio de Janeiro e, além de escritora, é também tradutora e colunista, formada em Jornalismo. Para não fazer uma lista de todas as suas obras e feitos, vou deixar aqui o link para o seu site que contém muitos textos divertidos também: http://heloisaseixas.com.br/


Heloísa Seixas. Foto tirada do site: http://www.ufal.edu.br

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