domingo, 7 de junho de 2015

Na corda bamba! - O diário de um artista quase frustrado #3




Sagrado ofício:


Para quem pensa que viver de arte é fácil, provavelmente não é artista ou é um artista famoso que teve a sorte de começar por cima! Fato este que não acontece com frequência, não que eu saiba (se acontece avisem-me, por favor, estão me deixando de fora dessa informação). Trabalhar com arte demanda tempo, mais tempo do que um trabalho comum, devo afirmar. Justifico-me antes de ser atacado: enquanto você trabalha, nós trabalhamos também, enquanto você vive, nós sobrevivemos, enquanto você descansa, nós descansamos, mas com a mente fervilhando de ideias, enquanto você dorme, a gente rola na cama por algumas horas até as ideias relaxarem... e assim vamos... pensando, pensando... criando, criando... 


Como é a vida pra você? Acordar, se arrumar, trabalhar, comer, voltar, assistir TV, comer, tomar banho, dormir? (Não necessariamente nessa ordem, claro!) Finais de semana tomar um drinque e encontrar os amigos e etc.? Não sei o que se passa com você, juro, nem é minha intenção julgar alguém, mas se eu vivesse nessa rotina eu estaria profundamente arrasado! Não me entendam mal, a minha vida me arrasa de vez em quando (comum para todo ser vivente), mas não consigo imaginar meus dias trabalhando numa salinha ou atendendo alguém insatisfeito com o serviço da empresa para a qual trabalho. Cara, não!!!

Não pensem vocês que eu nunca penso nisso, eu penso nisso todos dias, todos os dias me vejo tentado a trabalhar com um serviço qualquer que me proporcione estabilidade, mas, PORRA, não!!! Eu hei de ganhar a vida com meu trabalho que é a minha arte, a minha criação, a transmissão do meu conhecimento (mesmo o povo cagando e andando para o conhecimento), pois eu tenho algo a revelar (pela enésima vez): eu acredito em mim e isso me basta!

Quando eu acordo triste e insatisfeito, às vezes com contas para pagar, eu me irrito e me instigo a conseguir sair disso usando o que eu sei, afinal, o quanto eu estudei para saber o que eu sei tem de servir para alguma coisa! Não arredo o pé da minha profissão! É isso que eu faço! Eu crio! Crio músicas, crio textos, crio arte!

Estou atendo mais uma vez àquela palavrinha misturada timidamente no título desse texto "quase"... tenho que dar um sentido maior para minha vida do que "quase", pois o título desse diário foi uma chacota comigo mesmo, mas só eu sei o quanto eu levo a sério essa bagaça.



Perdido no tempo:



Mercenário, por Mike Deodato Jr.!
Eu desenhava num caderno, quer dizer, desenhei em todo lugar, mas lembro que esse caderno era o princípio de tudo, pois foi lá que eu comecei a desenhar meus primeiros personagens das minhas primeiras histórias em quadrinhos. Eu tinha acabado de começar a ler histórias de super-heróis (e não somente ficar olhando seus desenhos) e senti-me inspirado, pronto para começar as minhas próprias histórias. "É, tenho certeza! É isso que eu quero, vou ser um grande desenhista de HQs!" - foi o que eu disse a mim mesmo quando tinha meus dez para onze anos!

Meu primeiro personagem chamava-se Destruidor e foi baseado num inimigo do Demolidor (pois era a HQ que eu estava lendo) que se chamava Mercenário (o carinha da foto ao lado). Meu herói era ridículo (pena não ter mais esse caderno para provar isso), seu nome era ridículo (aposto que devia existir um milhão de outros com o mesmo nome), suas características eram pífias, mas ele foi o começo de tudo! E se eu lembro disso até hoje, é porque isso tem uma certa importância, acreditem!





Exterminador de futuros:




"Pedro, apresse-se, vamos atrasar para sua primeira grande noite de autógrafos!" - disse meu agente chato, um cara que não conversava comigo antes, mas decidiu fazer isso quando ofereceram-lhe fama e fortuna.

"Calma, estou acabando de vestir minhas calças!" - disse seco (não gostava desse cara) - "Amor, onde estão minhas botas?!"

"Aqui, tontinho!" - respondeu-me espirituosamente como era de costume.

"O Jim, seu amigo de faculdade está aí para prestigiar-lhe!" - disse meu agente!

"Mande o Kid boy jogar ele pra fora!" - disse referindo-me ao meu amigo segurança de dois metros de altura!

"Mas por quê?!"

"Não quero amizade com quem se achava melhor do que eu quando eu não era nada! Meus amigos são os que sempre tiveram consideração comigo, não esse... Jim!"

"Mas... mas..."

"E só porque ele faz um monte de referências do mundo pop em seus livros não quer dizer que seu enredo é bom! Mande ele embora antes que eu mande você embora!"

"Arrogante" - escutei-o dizendo! Aquele provavelmente seria seu último dia como meu agente!



Chato dia monótono:



Terminei a sétima parte do meu conto anteontem e isso me deixou muito feliz, mas ainda quero mais. Estou deixando muita coisa de lado. Quero escrever mais os meus outros contos e todas as outras coisas que me propus a fazer, como tocar, por exemplo. E é por isso que vou parando de escrever agora, pegar a guitarra e lançar um som para o vazio sossego de um domingo desinteressante! Abraços!!!




2 comentários:

  1. É bom encontrar alguém com os mesmos "problemas" que os meus. rsrsrrrs

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    1. kkk Sei como é a sensação! rs

      Vamos superá-los juntos também! Força, Karina, iremos conseguir um dia sair do anonimato! :)

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