Olho para todos os quatro cantos da sala
Não existe nada lá além das próprias paredes
Nada nelas a não ser quadros, estantes e pó
Nem nada entre elas e eu
Ouço e vejo pessoas fervorosas em suas crenças
Crenças que condenam todos nós, os descrentes
Ouço murmúrios que essa seja a causa da infelicidade
Mas infelicidade, para mim, está no excesso de crença.
Não quero nada divino interferindo no meu viver
Não aceito nada que eu não possa ver
Não deleito-me com falsas esperanças
Não creio em vãs palavras de um livro antigo
Lamento que tenhamos que viver separados
Crentes e descrentes, pois somos apenas indivíduos
Todos semelhantes, crentes ou não, divididos
Apartados por vagas sugestões de um paraíso.
Dogmatizados por antepassados e instituições
Que insistem em afirmar suas verdades e crenças
Que convertem os mais desesperados e aflitos
Que arrebatam mentes, até das mais inteligentes.
Por hora é duro quantificar, quantos são?
Sei que a grande maioria, praticamente todos vocês
E por que deveria eu também crer? Me entregar?
Porque a vida é dura? Insatisfatória? Enlouquecida?
Não culpo deuses nem demônios por minhas desventuras
E muito menos lhes dou a glória por minhas conquistas
Chamem-me de egoísta, ateu e atormentado
Sou apenas indivíduo, indivisível no meu pensar
Se o mundo é perigoso e a vida é dura
Não culpo outro ser que não somente eu
Nada de anjos ou forças maléficas
Apenas minha incompetência, há de ser
Não resta mais nada a falar e esperar
Cansei-me de falsas profecias e das heresias
Mundo mundano, chocho e perturbado
Mais insanos são os angariados
Se por outro motivo me molestas
Tenha fé, não aquela do divino
A sua própria fé, em si mesmo
Deixe-me contente, Oh, descrente
Limpe sua alma encardida, imunda
Aponta teu dedo santo para outro inimigo
Não detesto nenhum de vocês
Apenas não lhes dou mais atenção
Querendo ou não, somos "irmãos"
Não de sua religião
Somos uma grande população
Separados por sua crença desmedida
Amém!
Amém!
ResponderExcluirCrenças que separam e dividem. Que geram muros e desfiladeiros ao invés de pontes... de fato alguma coisa saiu errado!
Abraços!!
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Verdade, Nadja, talvez seja o orgulho humano disfarçado de fé?! Vai saber... Obrigado pela leitura!
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