Faz algum tempo que eu queria repostar esses pequenos contos, isolados, com histórias fechadas, sem continuação nenhuma (ufa!!). Eis então a deixa: pois fiz outros contos curtos, de uma página só, no máximo uma e meia e, antes de postá-los, queria mostrar esse antigos aqui. Tratava-se de um acordo com um amigo (vocês lerão sobre isso abaixo) que não vingou (como muitas coisas não vingaram, normal). Mas a ideia era boa, então eu continuei por cerca de cinco contos apenas. Mas agora eu me empolguei novamente e vou dar sequência à série, pois preciso aprender a fazer histórias concisas que se fecham e não me estender por páginas demais. Bom, leiam e digam-me o que acharam, por favor. Abraço a todos e até os próximos contos (esses curtos e fechados e também os longos e continuados)!
A criação
Um dia, dois amigos universitários – um mais velho e o outro nem tanto –
decidiram escrever cem contos cada um. Ante de começarem os contos,
durante uma reunião entre eles dois, acertaram que nenhum desses contos
passaria de uma página, esse foi o primeiro termo. Entre outras coisas, não conseguiram estipular
em que tipo de histórias transitariam então estas seriam livres. Acertadas as ideias postaram-se a
matutar tramas para seus respectivos enredos. Cada qual investiria
pesadamente em suas capacidades literárias.
Um dos dois amigos, sentado de frente ao seu teclado, pensou: “como
criar tantos contos em tão pouco tempo?” Ah! Claro, esqueci-me de
mencionar que planejaram escrevê-los antes do início do novo período
letivo. Ou seja; no máximo em noventa dias. Um deles comentou: “É tempo
de sobra, afinal é menos do que dois contos por dia.” O outro apenas
concordou naquela sua chatice incognoscível. O primeiro suspeitou
naquele instante que, o segundo, provavelmente, desistiria – era muito
comum para o segundo desistir das coisas. – O outro não entendia o porquê daquela fragilidade perseverante de seu amigo. Entendia muito menos
por que insistia em tentar novos projetos com ele – já não era a
primeira empreitada desfeita. – Pensou até que, ao escrever coisa
semelhante, fizesse o segundo chatear-se só com um comentário desses.
Mesmo assim o fez – rogando baixo que seu amigo não desistisse dessa
vez.
Assim sendo, estava lá o primeiro, sentando frente ao seu teclado – os
dedos ávidos por digitar as teclas – concentrado em como iniciaria seu
primeiro conto. Pensou nas circunstâncias do seu dia a dia. O tempo
correndo e as barreiras aumentando. Era um latido aqui, um resmungo ali;
uma novela chata com péssimos atores a praguejar ao lado; familiares de
cá para lá onde, outrora, não havia nenhum; enfim, todo tipo de
inconveniências. Pensou ele: “excelente oportunidade de superação!” E
com esse pensamento em mente tratou de produzir algo "lível".
Convenhamos; escrever não era tão difícil assim, mas também não era nada
fácil.
Eis que uma fantástica (nem tanto assim) ideia lhe surgiu diante de
seus dedos. Começaria seu primeiro conto ficcionando sua própria
experiência real. Relembrou passo a passo a conversa que tivera com seu
amigo. Elaborou mais alguns detalhes, com calma e paciência. Em seguida,
discursou mentalmente palavras que iriam compor seu conto. Olhou para
tela em branco do monitor e imaginou um parágrafo surgindo alí. Sentiu
as primeiras palavras sendo transmitidas de seu cérebro para seus dedos e
digitou: “Um dia, dois amigos universitários – um mais velho e o outro
nem tanto...”
Publicado originalmente no dia 7 de dezembro de 2010, terça-feira.
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