quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Belo Horizonte - 24 autores - Maza edições






Exemplar da biblioteca municipal (ainda bem que não é meu)





Vou acrescentar um subtítulo aqui: livro de chegados feito por e para chegados!

Como tudo na vida é sempre zoado, por que é que com esse livro ia ser diferente? Você acredita em mercado (panela) de escritores mineiros? Agora eu acredito! Vou explicar porquê, acompanhem! 

Antes, devo me desculpar pela demora em postar resenhas, não é que eu não estou lendo, estou é sem tempo para escrevê-las! Tenho sete livros (incluindo este) lidos e prontos para serem resenhados. Vou dar cabo disso antes que aumente o número e eu me perca nas informações anotadas.

Então, vamos lá. Para quem ainda não conhece o projeto do livro acima eu vou explicar, até porque eu também não conhecia, mas depois de lê-lo eu tenho minhas dúvidas se deveria tê-lo conhecido.

O projeto se chama: Livro de graça na praça. Consiste em um amontoado de escritores que se reúnem, juntam uma verba (acredito que pública), prensam muitos exemplares para serem distribuídos gratuitamente, e acontece uma vez ao ano numa praça previamente escolhida aqui em Belo Horizonte. Esse é o resumo do que é o projeto, feito por um leigo que não entende de projetos e está aqui para resenhar apenas como um leitor. Ah, e essa é uma edição comemorativa de dez anos do projeto!

Bem, vamos lá. Qual é a "treta" do livro? Vou explicar como eu acredito que tenha acontecido: O idealizador e organizador desse volume tirou um dia de folga e ligou para alguns amigos: "E aí, Manoel, tudo bem? Aqui, me arruma dois quilos de carne moída, filé, contra filé e linguiça. Passo aí as seis pra apanhar tudo, ok?! Ah, se quiser publicar algum dos seus contos é só me entregar junto com o pedido que eu falo que você ganhou um concurso que não foi publicado em lugar nenhum e que você mereceu estar nesse livro, beleza?"

Numa outra situação ele diz: "Professora, como vai a senhora, tudo bem? Estou reunindo contos para um livro do projeto, aquele que é distribuído de graça, lembra? Então, queria saber se a senhora tinha algum conto seu por aí precisando ser publicado, e como a senhora é uma grande erudita e... o quê? Não tem contos? Só textos teórico chatíssimos? Dá na mesma, professora, pode mandar que eu publico!"

Cara, que porre de livro! Mas antes que vocês me façam a pergunta eu respondo: sim, existe algo bom nesse livro (parece um milagre, mas foi obra do destino). Olha lá na capa do livro, tá escrito que são 24 autores, e destes apenas 3 ou 4 foram realmente bons o bastante. 

Vale a pena ler o livro? Na minha opinião (que eu canso de repetir, não vale quase nada), não! Na verdade, não leiam, por favor. Façam esse favor a vocês. Ou então, façam o que eu fiz, mas de forma mais segura. Peguem o livro na biblioteca, anotem o nome dos autores que eu vou indicar e leiam só esses.

Aí, só porque eu disse isso, vocês se sentirão tentados a ler todos os contos. Quando chegarem na tal professora, que eu acho que era um dos cinco primeiros, vão lembrar do meu conselho e vão acabar se arrependendo. 

"Mas, Pedro, seu tonto, por que é que você está resenhando esse livro então?" 

Por dois motivos: primeiro, alguns (quase nenhum) autores se salvam e valem a pena serem lidos (a culpa de estarem no meio de outros autores tão ruins não é deles); segundo, não podia deixar de falar mal de uma coisa tão armada como essa.

Vou fazer uma lista de coisas ridículas que estão nesse livro para elucidar melhor o que eu estou dizendo:


Coisas ridículas:

 
  • Dizem que os autores são mineiros, mas é uma patacoada, existem alguns que não são (e tenho quase certeza, nunca pisaram por aqui).
  • Tem um senhorzinho que é da Academia Mineira de Letras com uma das piores histórias já contadas. Ah, o sujeito nem mora em Belo Horizonte, e já faz muito tempo.
  • Parece que combinaram que alguns dos lugares famosos de BH deveriam ser citados em seus textos e uns autores levaram ao pé da letra e só falaram de lugares em BH, sem enredo nenhum.
  • Um dos sujeitos que não é daqui tentou mostrar uma rota pelas ruas de BH que se torna impossível, pois ruas paralelas separadas por dezenas de outras não fazem conexão entre si em hipótese alguma. A não ser que ele estivesse escrevendo uma ficção científica onde o personagem é sugado por um vórtex temporal e é arremessado noutra rua para chegar ao seu destino. (Ficou claro que o "autor" tentou usar o Google Maps para compor a sua história, trágico!)
  • Tem um sujeito (lembro que foi quem fez o primeiro conto) que escreveu sobre a vida da Dilma aqui no Estadual Central como se ela fosse uma grande rainha dos baixinhos, uma heroína que "nasceu com uma estrela na testa"! Sério, que bosta de "texto", porque é pura puxação de saco. Pura merda!
  • A pomposa e ilustríssima professora (daquelas com mestrado, doutorado e tudo) escreveu a pior (de todas mesmo, nem a Stephanie Meyer perde pra ela) "história" que eu já li na vida. Imagine um dicionário com uma tentativa de enredo, imaginou? Agora acrescente duas porções de arrogância mais alguns nomes de lugares da minha cidade e você terá um "conto" com absolutamente nenhum assunto.


Resumindo, tem tanta porcaria escrita nesse livro que eu fiquei empolgadíssimo, porque eu percebi que qualquer Zé Ruela pode publicar alguma coisa. Vou tentar falar sério, pois esse "livro" não pode ser levado à sério, porque tenho certeza que foi feito para publicar coisas dos "chegados" do organizador (que também escreveu um "conto" bem chinfrim).

É isso, não tenho mais nada...

Opa, já ia me esquecendo. O livro é tão ruim que eu já ia deixando passar os bons escritores que aqui estão. Vamos aos prós dessa coletânea que, se não fossem esses bravos, estaria morta por completo e em algum lugar esquecida.



Putz! Não é que tem prós?!?!:



  • Tem um tal de Frei Betto, já ouviu falar? Eu já, mas não tinha lido nada ainda, mas gostei da narrativa, da forma como ele trabalhou sua história. Muito bem escrito, por isso o texto dele pode ser realmente chamado de conto!

  • No último conto (que foi mais uma crônica), o autor Fernando Fabbrini mereceu a minha gratidão. Fabbrini escreveu um texto maravilhoso com uma ótima crítica ácida a esta cidade recheada de muito bom humor. O Fernando até explica que sempre é convidado para encerrar os livros do projeto com algum escrito seu e eu entendi porquê. Pois se não fosse ele divertindo e empolgando no final, nem o texto do Elvis (que eu vou falar em seguida) salvaria a obra.
 
  • E finalmente o melhor conto da coletânea, o mais bem escrito, o de melhor enredo, mais original e muito, mas muito divertido, intitulado "Elvis"! Caramba, que pegada. Foi o único texto que eu li sem pausas e com a curiosidade lá no alto. O autor Carlos de Campos criou uma história onde o "falecido" cantor estadunidense fingiu a morte e veio morar aqui na nossa capital. Teria o Rei morado em "Belzonte"?? Sério, dá seu jeito e leia esse conto. A trama é ótima e o final é melhor ainda. Recomendadíssimo!!! Obrigado, Carlos, você brilhou e ofuscou muita gente que nem merecia o status que têm!
 
  • Ah, tem mais um pró aqui: eu peguei o livro na biblioteca, porque se eu tivesse pagado por essa porcaria eu estaria muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito puto!

 Pra acabar com essa bagaça:



Como sempre, antes de escrever uma resenha eu dou uma pesquisada a mais para saber de alguns detalhes e, não é que eu encontrei esse livro gratuito sendo vendido na Estante Virtual por até 19 pratas??? Atenção, não se iludam, o livro é realmente gratuito e ainda vem com o selo de "venda proibida" e, mesmo que não viesse, cara!, acredite, não gaste nem um real nesse pseudo "livro"! 

A não ser que seu exemplar venha com um autógrafo do Carlos, aí você pode pagar 20 pratas no livro tranquilamente!



 

2 comentários: